Sei
lá, acho que isso vem sendo discutido desde os primórdios
da evolução humana. O líder nasce pronto
porque tem um dom (MÁGICO) ou aprende a ser líder
com o passar dos tempos e da suas experiências de
vida?
Para começar vamos arriscar uma definição
de líder. Líder é aquele capaz de influenciar
as pessoas a fazerem aquilo que ele pede ou o que é
necessário fazer. Uma boa definição,
mas ainda incompleta. Vale pela simplicidade e pelo pragmatismo.
Líder é aquele que antecipa o futuro.
Líder pode ser definido também por aquele
que faz as pessoas sonharem juntas e sugere ações
para tornar sonhos em realidade. A liderança é
a capacidade de orientar, controlar, dirigir, analisar e
influenciar pessoas em direção a um objetivo,
um resultado.
O que é importante nessa discussão é
que se a liderança não é dom e pode
ser aprendida, então por que alguns nunca serão
líderes?
Uma pessoa tem que ter perfil especial para ser líder.
Alguns pressupostos, habilidades e competências. Não
vou escrever sobre as habilidades e as competências.
Nessa parte tantos já escreveram que ficaria repetitivo.
Vamos refletir juntos sobre alguns pressupostos.
O primeiro pressuposto é o do querer ser líder.
Se uma pessoa não quer, jamais será. Você,
assim como eu, conhecemos pessoas que tem uma excelente
capacidade técnica ou são detentoras de algumas
habilidades excepcionais, mas que se recusam a serem líderes.
Simplesmente não querem.
Usando a primeira definição de líder
– quem determina se uma pessoa é líder
ou não, são as pessoas que por ele são
influenciadas. Se não aceitamos a influência,
a liderança não existirá.
Um segundo pressuposto é o que diz respeito ao saber
liderar. Aprender pela observação, pelo estudo,
pelas tentativas, pelas próprias experiências
ou as de outros líderes, como se deve fazer para
liderar.
A liderança não consiste em fazer igual ao
que um outro líder faz, mas em fazer como o outro
fez ou faz. Aplicar o que aprendeu: as estratégias,
habilidades, comportamentos e atitudes, na sua realidade
para atingir os resultados pretendidos.
Outro pressuposto é o que diz respeito ao líder
sentir-se merecedor da liderança. Acreditar que é
um prêmio a ser conquistado junto com outros.
É um delicado equilíbrio entre razão
e emoção. Entre o prático e o sonho.
Um líder quer ser, aprende como e sente-se capaz,
porque é merecedor da liderança.
Observe como um líder (quem você considera
líder) age. Observe suas posturas, a forma de falar,
a maneira como ele passa as idéias de formas diferentes
para as pessoas.
Veja que todo líder tem um objetivo, um resultado
muito claro a ser atingido e as pessoas que ele influencia
conseguem ver isso e agir. Usa as palavras adequadas para
cada situação por que as estuda. Estudar é
aprender. Alguns fazem isso intuitivamente.
Ao perguntar para ele como ele sabia o que fazer ou dizer,
naquele momento, ele poderá responder que não
sabe explicar, apenas que sabia que tinha que ser daquele
jeito.
Outros são capazes de explicar todo o cenário
que eles observaram, o que aprenderam, antes, durante e
após as ações. O primeiro é
intuitivo, ou que chamamos, popularmente, do líder
que nasceu feito, que tem o dom, aprende por intuição,
sem se dar conta. Os segundos são os líderes
que aprenderam pela razão e colocam a emoção
para trabalhar junto.
Ambos se emocionam primeiro para depois emocionar as pessoas.
Observe que os líderes, muitas vezes, param por alguns
instantes e retomam as ações de uma maneira
diferente, com mais emoção ou com outra diferente
da anterior. Parece que são bambus verdes, vergam
de um lado para outro, mas não se quebram.
Isso é uma técnica que os líderes utilizam.
Alguns usam-na instintivamente ou intuitivamente, outros
fazem isso por que aprenderam.
Passe a observar no seu dia – a – dia quem você
acha que é líder e veja como ele respira,
como ele age, como ele passa a emoção para
as pessoas que estão à sua volta. Verifique
que, algumas vezes, as palavras saem no ritmo de sua respiração.
Veja se isso realmente acontece.
Se você chegou até aqui teve uma das primeiras
lições para se tornar líder. Sem os
pressupostos não adianta aprender habilidades e estratégias
de liderança. Sinto desapontar alguns, não
é mágica.
Será que isso pode explicar as razões de encontrarmos
gerentes, supervisores e lideres de equipes sem nenhum perfil
para o exercício da liderança? Acredito que
sim. Ainda hoje, os DRHs de algumas organizações,
apesar de saberem a diferença entre líder
e “chefe”, promovem cursos e mais cursos de
técnicas e estratégias para liderança,
convocam esses “chefes” e não avaliam
os resultados práticos. Não percebem que os
pressupostos acima não estão sendo atendidos
adequadamente. Em outras palavras, deixaram de perguntar
se as pessoas querem ser “chefes” ou líderes.
Não verificam se o aprendizado é colocado
em prática e se as pessoas escolhidas se vêem
como lideres.
Conheci um gerente que foi escolhido pela sua capacidade
técnica. No intimo ele nunca gostou de liderar pessoas,
gostava mesmo de trabalhar quieto no seu canto. A partir
do dia que foi efetivado no cargo, começaram os problemas
para ele e para a sua equipe. Participou de dezenas de cursos
de estratégias e ferramentas para liderança,
entretanto, os resultados na prática nunca apareciam.
Certo dia ele resolveu se aposentar. Final da triste história:
ele saiu doente e sentindo-se frustrado e a equipe mal preparada
tecnicamente e com um relacionamento interpessoal deprimente.
Se vocês estão pensando que o RH e a Diretoria
dessa empresa escolheram uma pessoa com perfil de líder
para substituir o anterior, enganaram-se. Foi escolhido
o melhor técnico, o que tinha maior tempo de casa.
Considerações importantes podem ser feitas
a partir deste ponto. A primeira diz respeito à participação
do DRH no aconselhamento e acompanhamento efetivos na escolha
dos líderes. A segunda é verificar quais são
as técnicas, ferramentas e estratégias que
devem fazer parte do aprendizado de cada líder em
particular. A última é: depois do gol marcado,
correr para galera e comemorar intensamente os resultados
da Organização.
Não é mágica, nem utopia.
Armando
Ribeiro
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